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GALERIA SERRA DA CANASTRA
A Serra da Canastra
Conheci a região da Serra da Canastra em 1998, durante uma expedição de 4x4 com amigos chamada “Caravana Nascentes da Gerais”. Desde os primeiros momentos, as primeiras paisagens, fui tomado por um sentimento de que aquele lugar era especial, diferente de todos os outros pelos quais havia passado até então. A energia daquelas pedras, a imponência aconchegante de suas montanhas, a suavidade e limpidez de suas águas, a simplicidade e amizade das pessoas que ali viviam e que tão bem nos recebiam... tudo conspirava para o nascimento de uma relação profunda entre o fotógrafo e o lugar.
Com a câmera sempre ao meu lado passei a frequentar a Serra da Canastra quase que semanalmente. O programa favorito era sair do trabalho em São Paulo na sexta feira à noite para a cidade de Passos, que fica próxima à Canastra. De lá seguia, de madrugada por estradas de terra, até a Cachoeira Vale do Céu, onde acampava, para no dia seguinte alcançar o Vale da Canastra e lá percorrer outras tantas cachoeiras e trilhas até domingo, quando voltava para São Paulo.
Recarregar as energias na Serra da Canastra era oxigênio para mim, olhar a imensidão dos vales do alto daquela serra e entrar em cachoeiras de água cristalina e fria era vida, paz, conexão com a natureza.
Muitas e muitas fotos foram tiradas nessas viagens e alguns temas me chamavam mais a atenção: a beleza do lugar, a Folia de Reis, a cultura do café, a fauna, a flora e a arquitetura. Inspirado pelo trabalho de Saint-Hilaire, naturalista francês que percorreu o Brasil no século XIX e em 1819 visitou, descreveu e se encantou com a Serra da Canastra, eu andava pelos caminhos e procurava conhecer e entender a dinâmica do lugar, do seu povo, da cultura local, experimentar as comidas, as bebidas, os cheiros, e registrar tudo do jeito que gostava: em fotos. E isso ainda na época da fotografia analógica, com rolos e rolos de filmes fotográficos, todos numerados e catalogados. Somente muito tempo depois comprei uma câmera digital e a antiga hoje descansa, inútil e inviável, diante da praticidade e, porque não dizer, da redução de custos proporcionadas pelos chips.
As fotos dessa galeria são todas desse período analógico, todas captadas com uma simples Canon EOS 5000 e filmes Kodak. Vasculhar esse acervo e selecionar as imagens tem sido um trabalho interessante, pois me lembro de cada foto tirada, do momento, do caminho percorrido até cada lugar. É através dessas fotos que quero transmitir a emoção de estar na Serra da Canastra, dentro da água, dentro da Folia de Reis, no alto de um morro vendo o pôr do Sol, sentado aos pés de uma cachoeira.
A Serra da Canastra está localizada na região oeste de Minas Gerais, a 360 km de sua capital Belo Horizonte. Hoje é um importante destino ecoturístico, que recebe milhares de turistas em busca de tranquilidade e de uma experiência de contato direto e intenso com a natureza. Os maiores atrativos são as paisagens e inúmeras cachoeiras, sendo a principal e mais famosa delas a Casca dAnta, localizada próxima ao vilarejo de São José do Barreiro, e a produção do Queijo Canastra, famoso internacionalmente pelo seu sabor e qualidade. Toda essa natureza é protegida pelo Parque Nacional da Serra da Canastra que abriga as nascentes do Rio São Francisco, a Cachoeira Casca dAnta, ruínas de currais de pedra muito antigos além da fauna e flora típicas do cerrado brasileiro.
Espero que você aprecie esta galeria e que ela consiga transmitir a você a sensação de estar na Serra da Canastra.
Todas as fotos desta Galeria estão disponíveis para serem impressas no padrão FineArt, com papeis e tintas de alta qualidade. Entre em contato e solicite orçamento com tamanhos disponíveis e opções de papel (fotográficos ou algodão).
Créditos das fotos deste texto:
- Thelson: foto de Ana Cláudia V. R. L.
- Mapa: foto de Thelson J Lemos sobre mapa do IBGE, Atlas Nacional do Brasil, 3ª edição
A Cachoeira Casca D'Anta é, sem dúvida, a maior atração turística da região da Serra da Canastra. Está localizada dentro dos limites do Parque Nacional da Serra da Canastra, é formada pela queda das águas do Rio São Francisco de uma altura de 186 metros e o acesso até ela é mais fácil pelo vilarejo de São José do Barreiro.
O Rio São Francisco possui sua nascente histórica no alto da Serra da Canastra e depois de percorrer o chapadão encontra os limites da Serra e se lança em direção ao fundo do Vale da Canastra.
A Casca D'Anta é considerada uma das cachoeiras mais bonitas do Brasil. Suas águas são bem frias e cristalinas. Na base de sua queda há um enorme e profundo poço. Em épocas secas é possível nadar nessa gigante piscina natural, mas em épocas de chuva o volume de água é muito grande e o acesso ao rio e à cachoeira devem ser feitos com grande cuidado.
FOTO Nº 01
Canastra, Luz e Sombra I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 02
A caminho da Canastra
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 03
A Presença e a Força da Canastra
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 04
Canastra: Concreto e Abstrato
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 05
Quatro Elementos
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 06
A Folia de Reis - O Palhaço
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 07
A Folia de Reis - A Máscara
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 08
Canastra, Reino das Águas I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 09
Canastra, Reino das Águas II
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 10
Cerrado da Canastra
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 11
Canastra, Reino das Águas III
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 12
A Folia de Reis - A Sanfona
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 13
Fogo na Canastra I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 14
Flora da Canastra I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 15
A Cultura do Café na Canastra
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 16
A Folia de Reis - O Canto
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 17
A Folia de Reis - A Entrada
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 18
Canastra, Reino das Águas IV
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 19
Fauna da Canastra I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 20
Canastra, Ondulações I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 21
Canastra, Reino das Águas V
Serra da Canastra, MG, Brasil
CACHOEIRA CASCA D'ANTA
FOTO Nº 22
Cachoeira Casca D'Anta I
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 23
Cachoeira Casca D'Anta II
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 24
Cachoeira Casca D'Anta III
Serra da Canastra, MG, Brasil
FOTO Nº 25
Cachoeira Casca D'Anta IV
Serra da Canastra, MG, Brasil
No ano de 1819, ou seja, há mais de 200 anos, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire percorreu a pé e em lombo de burro a região da Serra da Canastra. Conheceu e descreveu a Cachoeira Casca D'Anta, que naquela época já despertava a curiosidade de todos por seu tamanho e beleza. Veja abaixo como ele viu e sentiu a Casca D'Anta:
"Havia muito tempo eu sabia vagamente que existia nessa montanha ou nas suas redondezas uma cachoeira notável, mas ninguém me tinha podido dar a esse respeito uma informação precisa." (...)
"Embrenhamo-nos na mata e dentro em pouco começamos a ouvir o barulho da cachoeira. (...) De repente avistei o seu começo e logo em seguida pude vê-la em toda sua extensão, ou pelo menos o máximo que podia ser visto do ponto onde nos achávamos. O espetáculo arrancou de José Mariano e de mim um grito de admiração. No ponto onde a água cai há uma depressão no cume do paredão de rochas, formando um sulco largo e profundo que vai descendo em ziguezague até uns dois terços da altura da pedreira, segundo nos pareceu. De um ponto ainda bastante elevado, onde termina a fenda, despeja-se majestosamente uma cortina de água, cujo volume é maior em um dos lados. O terreno que se estende abaixo da cascata é bastante irregular, e um outeiro coberto de verdejante relva esconde a parte inferior da cortina de água. Do lado direito desce até ela uma mata de um verde sombrio. É essa a nascente do S. Francisco." (...)
"Finalmente, depois de uma caminhada extremamente penosa, alcançamos o pé da Cachoeira da Casca d'Anta, que já vínhamos avistando de longe. A casa de Felisberto ficava distante da queda de água mais de um quarto de légua, e de lá eu só conseguia vê-la de maneira imprecisa. Vou descrevê-la tal como apareceu aos meus olhos, quando dela me aproximei o máximo que era possível. Acima dela vê-se, como já disse, uma larga fenda na rocha. No ponto onde caem as águas as pedras formam uma concavidade pouco pronunciada. Da casa de Felisberto a cachoeira me pareceu ter apenas um terço da altura das rochas, mas após tê-la observado de diversos ângulos creio poder afirmar que sua extensão é de dois terços dessa altura. Não a medi, mas de acordo com o cálculo provavelmente bastante preciso de Eschwege, ela deve ter uns 203 metros aproximadamente. Ela não se precipita das rochas com violência, exibindo, pelo contrário, um belo lençol de água branca e espumosa que se expande lentamente e parece formado por grandes flocos de neve. As águas caem numa bacia semicircular, rodeada de pedras amontoadas desordenadamente, de onde descem por uma encosta escarpada para formar o famoso rio S. Francisco, que tem quase 700 léguas de extensão e recebe uma infinidade de outros rios.
O estrondo que as águas da Cachoeira da Casca d'Anta fazem ao cair é ouvido de longe, e a névoa extremamente fina que elas produzem é levada a uma grande distância pela deslocação de ar causada pela queda.
Dos dois lados da cachoeira as rochas são permanentemente úmidas e, embora talhadas a pique, mostram-se cobertas por uma relva muito verde e fina, que raramente deixa entrever a cor acinzentada da pedra. Abaixo das rochas o terreno vai em declive até o rio, e no trecho mais próximo da cachoeira sua vegetação é composta só de arbustos. Mais adiante, porém, ele já se apresenta coberto de densas matas, onde se vêem numerosas palmeiras de troncos delgados e pequena altura. O verdor das plantas é de um viço extraordinário, que a proximidade das águas se encarrega de conservar. Defronte da cachoeira o horizonte é limitado por montanhas coroadas de rochas, que pertencem à Serra do Rio Grande.
Para ter uma ideia de como é fascinante a paisagem ali, o leitor deve imaginar estar vendo em conjunto tudo o que a Natureza tem de mais encantador: um céu de azul puríssimo, montanhas coroadas de rochas, uma cachoeira majestosa, águas de uma limpidez sem par, o verde cintilante das folhagens e, finalmente, as matas virgens, que exibem todos os tipos de vegetação tropical."
Saint-Hilaire, Auguste de, Viagem às Nascentes do Rio São Francisco. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1975, p. 101 a 105.