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50 ANOS DO PARQUE NACIONAL
DA SERRA DA CANASTRA
Âncora 1
Fotos e Textos: Thelson J Lemos
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FOTO PN-1: Amanhecer no Vale da Canastra, com vista para o paredão da Serra da Canastra
Criado por um Decreto em Abril de 1972 o Parque Nacional da Serra da Canastra completou 50 anos de existência. A intenção de sua criação era preservar, mas muita coisa mudou nestas cinco décadas. Restaram preservadas as Nascentes do Rio São Francisco, a fauna e a flora típicas do Cerrado e suas lindas paisagens. Mudou a vida das pessoas que moram na região, mudou a economia do lugar, mudou a consciência ambiental das pessoas. Entre muitos benefícios, e alguns desafios ainda a enfrentar, o Parque Nacional segue sendo fundamental para a vida na Serra da Canastra.
Conheça abaixo a Galeria de fotos em homenagem aos 50 Anos do Parque Nacional da Serra da Canastra.
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FOTO PN-2: Rio São Francisco, antes de sua primeira queda na Cachoeira Casca d'Anta
FOTO PN-3: Uma das muitas cachoeiras no entorno da Serra da Canastra
FOTO PN-4: Água cristalina em uma piscina natural aos pés da cachoeira
A água é o elemento principal na Serra da Canastra. Acima, três momentos diferentes no curso da água: a calmaria antes da queda na cachoeira, a energia durante a queda, e a agitação das ondas no poço após a queda.
Abaixo, a magnífica Cachoeira Casca d'Anta, com 186 metros de altura formada pelas águas do Rio São Francisco.
FOTO PN-6: Cachoeira Casca d'Anta
FOTO PN-7: Cachoeira Casca d'Anta
FOTO PN-5: Cachoeira Casca d'Anta
Aproveitando a abundância de pastagens nativas e água nos chapadões da Canastra, a pecuária de leite sempre teve papel importante na economia local, dando origem ao famoso e premiado Queijo Canastra.
FOTO PN-8: A Serra da Canastra, provavelmente do mesmo ângulo quando vista pela primeira vez por Auguste de Saint Hilaire, em 1819.
FOTO PN-9: Relevo e vegetação no alto dos chapadões
FOTO PN-10: Gado no alto do chapadão da Babilônia
Pato-mergulhão, Tamanduá-bandeira e Gavião-carcará, três exemplares da fauna da Serra da Canastra, típica do Cerrado brasileiro.
FOTO PN-11: Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus)
FOTO PN-12: Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
FOTO PN-13: Gavião Carcará (Caracara plancus)
Abaixo, o paredão da Serra da Canastra, cartão postal do Parque Nacional
FOTO PN-14: Paredão da Serra da Canastra
FOTO PN-15: Paredão da Serra da Canastra
FOTO PN-16: Paredão da Serra da Canastra
Abaixo, exemplos da flora do Cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra
FOTO PN-17: Canela-de-ema (Vellozia sp.)
FOTO PN-18: Ipê-amarelo (Tabebuia chrysotrich)
FOTO PN-19: (Xyris sp.)
As construções espalhadas pela Serra da Canastra são testemunhas do estilo de vida dos moradores da região. São exemplos dessa arquitetura as casas antigas de fazendas no fundo dos vales, as pequenas igrejas no alto dos morros e os retiros no alto dos chapadões usados na lida com o gado.
FOTO PN-20: Casa de Fazenda no Vão dos Cândidos
FOTO PN-23: "Garagem de Pedra"
FOTO PN-21: Casa de Fazenda no Vale da Canastra
FOTO PN-24: Igreja no Morro do Carvão
FOTO PN-22: Casa de Fazenda no Vale da Canastra
FOTO PN-25: "Retiro de Pedra"
O fogo natural faz parte do ciclo do Cerrado. As plantas são adaptadas à sua ocorrência e em poucos dias florescem de volta à vida.
FOTO PN-26: Fogo no Cerrado
FOTO PN-27: Planta queimada pelo fogo no Cerrado
FOTO PN-28: Canela-de-ema floresce alguns dias após ser queimada
O Ecoturismo traz esperança de um futuro sustentável para a região do Parque Nacional da Serra da Canastra. Depois de muito tempo tendo sua natureza explorada de forma desordenada e agressiva, principalmente pela atividade de garimpo e mineração, o entorno do Parque Nacional recebe turistas do mundo todo, encantados com a beleza e o alto grau de preservação ambiental e que viajam em busca de suas cachoeiras, aventura e paisagens incríveis.
FOTO PN-29: Beija-flor, com o relevo da Canastra ao fundo
FOTO PN-30: Placa indicativa do local da Nascente Histórica do Rio São Francisco, na Serra da Canastra
FOTO PN-31: Pôr do Sol na Serra da Canastra
FOTO PN-32: Rapel em cachoeira na Serra da Canastra
FOTO PN-33: Bóia-cross no Rio São Francisco
Obrigado por visitar a Galeria de fotos em homenagem aos 50 Anos do Parque Nacional da Serra da Canastra.
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Âncora 2
HOMENAGEM AOS
50 ANOS DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA
O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado através de um Decreto Federal de 03 de Abril de 1972. Portanto, em Abril de 2022, o Parque completa seus 50 anos de vida. Fruto de uma campanha de entidades, personalidades e da imprensa mineiras pela preservação das nascentes do Rio São Francisco, que passara por uma seca no ano anterior, o Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado com o objetivo de preservar o patrimônio natural da região, importantíssimo para todo o Brasil, inicialmente com 200.000 hectares. Destes, apenas 71.525 hectares foram efetivamente demarcados, desapropriados e passaram a ser administrados pelo Governo Federal como Unidade de Conservação de Proteção Integral, enquanto o restante da área permaneceu em posse de seus proprietários mas decretados como Parque Nacional, o que causou muitos conflitos fundiários. Esses conflitos se arrastam até os dias de hoje, já que os proprietários de terra no entorno do Parque Nacional são impedidos de explorar livremente suas terras sem que tenham sido devidamente indenizados por um processo de desapropriação.
Apesar desses conflitos, a vida tomou um rumo diferente na região a partir do início dos anos 2000. Naquela época começaram a surgir as primeiras pousadas, hotéis e profissionais dedicados à exploração do Ecoturismo, visando atender à crescente demanda de ecoturistas vindos principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro e do exterior. A pequena população das vilas ao redor da Serra da Canastra passou a conviver com turistas em busca de cachoeiras, trilhas, paisagens maravilhosas e de um ambiente hospitaleiro e tranquilo. Ao mesmo tempo, esses turistas passaram a divulgar o sabor típico do Queijo Canastra, produzido artesanalmente na região há séculos. Hoje a região do Parque Nacional da Serra da Canastra é mundialmente conhecida pelo seu Queijo, produzido com leite de vacas criadas na região, com certificação de origem e vencedores de prêmios internacionais, e também pela beleza de seus chapadões e vales de onde brotam inúmeras cachoeiras de água cristalina.
A existência de um Parque Nacional na região da Serra da Canastra foi fundamental para que esses patrimônios cultural e natural permanecessem preservados até hoje. É sabido que a exploração econômica sem limites poderia ter levado a vegetação nativa, muitas nascentes de água e a cultura local à extinção, mas as regras impostas pela existência de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, como um Parque Nacional, salvaram esse patrimônio e permitiram o nascimento de uma outra economia local, baseada no ecoturismo, na preservação da natureza e na valorização da cultura local.
Hoje, quem visita o Parque Nacional da Serra da Canastra, conhece um local que mantém as condições ideais de preservação da fauna e flora do cerrado brasileiro, com todas as suas características; pode conhecer as nascentes históricas do Rio São Francisco, o “rio da integração nacional”, localizadas no alto do chapadão da Serra da Canastra a aproximadamente 1.200 metros de altitude; visita fazendas produtoras do legítimo Queijo Canastra; hospeda-se em pousadas e hotéis estruturados e pode ser guiado por guias e empresas de ecoturismo especializados; percorre estradas de terra muito antigas que levam a paisagens inesquecíveis e a inúmeras cachoeiras, como a principal e mais visitada de todas, a Cachoeira Casca d’Anta, com acesso pela Portaria 4 do Parque Nacional, a apenas 9 km da vila de São José do Barreiro; e pode ter a sorte de encontrar pelo caminho animais típicos do cerrado, como o Tamanduá Bandeira (Foto PN-12), o Veado Campeiro, o Lobo Guará, ou até o Pato Mergulhão (Foto PN-11), espécie em extinção que habita a região.
O Cerrado é um dos biomas brasileiros que mais correm risco de degradação, mas ele possui uma importância gigantesca para nossa vida: o solo do cerrado, com sua vegetação composta de gramíneas e árvores de pequeno porte, porém com raízes profundas, armazena muita água e produz muitas nascentes, que contribuem com as principais bacias hidrográficas brasileiras. A região da Serra da Canastra contribui com as bacias dos rios São Francisco e Paraná, enviando água para o nordeste e para o sul do Brasil. Por isso é importante valorizarmos o Parque Nacional da Serra da Canastra, festejar sua existência e a importância do patrimônio que ele guarda, mas ao mesmo tempo termos consciência que as questões fundiárias precisam ser equacionadas, que a agropecuária praticada ali precisa de orientações técnicas para que não impacte a vegetação nativa e as nascentes de água, e que a mineração seja uma atividade permanentemente banida da região, em razão dos graves riscos que oferece ao subsolo, lençol freático, vegetação, fauna e cursos d’água.
Não deixe de conhecer, divulgar e ajudar a preservar o Parque Nacional da Serra da Canastra. Parabéns pelos seus 50 anos de vida.
UM POUCO SOBRE A OCUPAÇÃO DA SERRA DA CANASTRA
Os primeiros habitantes de que se tem notícias na região da Serra da Canastra foram os índios Cataguases. Durante muito tempo esses e outros grupos indígenas repeliram os exploradores europeus, vindos do Norte pelo vale do rio São Francisco, pelo Leste e pelo Sul a partir do litoral e de regiões do atual estado de São Paulo. No século XVII, quando os nativos foram dizimados ou expulsos pelos bandeirantes, a região foi povoada por homens em busca de minerais preciosos, sem muito sucesso naquela ocasião, e muitos fixaram residência para criação de gado aproveitando a abundância de pastagens nativas e água. Vem desta época, e foi aprimorada com o tempo, a prática de criar um gado rústico para produção de leite. Como não era possível conservar o leite, a maneira utilizada para isso e para transportá-lo com mais facilidade para ser vendido era transformá-lo em queijo. Nascia aí uma das mais tradicionais iguarias mineiras, o hoje mundialmente famoso e premiado Queijo Canastra, feito a partir do leite cru de vacas criadas em pastagens nativas da Serra da Canastra.
Uma característica interessante da ocupação naquela época era a prática de criar o gado no alto dos chapadões (parte alta e plana da serra) no verão e nos vales no inverno. Com a implantação do Parque Nacional na Serra da Canastra na década de 1970 ficou proibida a entrada de gado no chapadão, mas ainda é possível ver essa prática no chapadão da Babilônia, serra que fica ao lado da Canastra e com as mesmas características. No verão, quando as chuvas caem com grande volume, a vegetação no alto dos chapadões da Canastra e Babilônia é forte e abundante. Pastagens a perder de vista permitiam a criação do gado. Os retireiros levavam o gado para os chapadões, instalavam-se nos retiros (pequenas casas com curral de madeira ou pedra – Foto PN-25) e criavam o gado e produziam o queijo, que era levado periodicamente para ser vendido nas vilas. No inverno seco as pastagens perdiam qualidade e o gado era levado de volta aos vales, onde a umidade era maior. O aproveitamento do capim-gordura nativo do alto dos chapadões permitia a produção de um queijo de qualidade, fator percebido até hoje. Ainda é possível conhecer alguns desses antigos retiros, pequenas casas ou suas ruínas, no alto das serras da Canastra e Babilônia.
Com o fim do domínio dos Cataguases, a Serra da Canastra passou a ser caminho livre para tropeiros entre o Sudeste e o sertão de Goiás. Nestas idas e vindas os negros, fugidos da escravidão, formaram alguns quilombos na região, se escondendo nas serras isoladas da Canastra.
A região permaneceu sem grandes transformações desde o século XVII até a década de 1930, quando no Vale da Canastra, em terras do atual município de Vargem Bonita, foram encontradas as primeiras pedras de diamante no leito do Rio São Francisco. A notícia se espalhou e uma verdadeira multidão correu para as margens do rio em busca de riqueza. Quase que da noite para o dia o Vale da Canastra viu sua população saltar de algumas centenas de pessoas para milhares e milhares de garimpeiros que viviam em barracas improvisadas nos barrancos e margens dos rios. A intensa atividade de garimpo foi executada com máquinas, tratores e bombas de água, destruindo a vegetação e as margens do Rio São Francisco e de seus afluentes, assoreando seus cursos. Em 1989 o IBAMA proibiu a atividade de mineração na região e tudo foi abandonado, deixando para trás sucatas de máquinas, barrancos destruídos, rios assoreados e nenhum sinal de prosperidade ou riqueza, já que o dinheiro da mineração não ficava na região.
Encerrada a mineração os moradores ficaram sem muitas alternativas econômicas, já que apesar da degradação ambiental a mineração era uma atividade que movimentava a economia local com o consumo de alimentos, hospedagens, transportes, serviços. Foi no final da década de 1990 que começaram a surgir na região as primeiras pousadas e profissionais ligados ao setor do ecoturismo, atentos a uma crescente demanda por destinos brasileiros com natureza preservada e exuberante e próximos aos grandes centros urbanos. Ainda quase inexplorada e desconhecida do grande público naquela época, e a algumas horas de viagem de carro de cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, foi nessa época que ecoturistas daqui e do exterior começaram a chegar. A existência de um Parque Nacional em uma região desconhecida e isolada chamou a atenção de curiosos aventureiros que encontraram na região cachoeiras lindíssimas e paisagens de tirar o fôlego, além de uma população ainda ressentida com o fim da mineração, com as limitações de uso das terras impostas pelo IBAMA e desconfiada daqueles novos forasteiros.
Foi nessa época, em 1998, que visitei a Serra da Canastra pela primeira vez. Era um ensolarado mês de abril e fui convidado por um grupo de primos mineiros a conhecer a região. Lembro-me até hoje da sensação de ver pela primeira vez aqueles chapadões, o paredão da Canastra, a Cachoeira Casca d’Anta, a Nascente do Rio São Francisco, e de sentir nos moradores um misto de hospitalidade e desconfiança. Chegaram a me perguntar certa vez: “mas o que vocês buscam aqui?”. É compreensível a pergunta, feita por quem cresceu em uma região tomada por garimpeiros durante décadas, criados para explorar a natureza em busca de riquezas escondidas e ensinados a desconfiar de estranhos. Respondi a ele que buscava as cachoeiras, as paisagens, o contato com a natureza, itens tão difíceis de encontrar para quem morava na selva urbana de São Paulo. Ele me respondeu: “Cachoeiras? Mas o que tem de bonito nisso? É só água caindo.”
O conflito de gerações e de mundos era evidente, mas aos poucos aqueles desconfiados moradores foram se acostumando com o fluxo de visitantes a cada final de semana e feriados. Eles entenderam que o que os ecoturistas buscavam ali não era nada que pudesse ser tirado de lá, e que aqueles forasteiros modernos poderiam levar desenvolvimento para a região. Aos poucos, muitos desses forasteiros foram se fixando na região, e eu fui um deles. Começamos a construir as primeiras pousadas estruturadas para atender às necessidades dos ecoturistas. Geramos empregos e renda para pedreiros e seus serventes, marceneiros, armazéns. Treinamos cozinheiras, arrumadeiras, jardineiros e incentivamos o empreendedorismo local para que novos restaurantes fossem inaugurados, e em um ciclo virtuoso mais turistas exigiam mais estrutura e a estrutura cada vez maior e melhor encorajava a ida de mais turistas.
Desde então a população local passou a ter o Ecoturismo como atividade econômica que substituiria a mineração. Deixaram de lado uma atividade que degradava o meio ambiente e passaram a trabalhar em atividades voltadas a atender o turista, fortalecidas pelo Parque Nacional que se estruturava a partir de seu novo Plano de Manejo elaborado em 2005. E essa nova atividade dependia de um meio ambiente preservado, de trilhas e cachoeiras bem cuidadas, de uma fauna livre e diversa. Hoje em dia a vida no entorno do Parque Nacional da Serra da Canastra tem o Ecoturismo como grande motor de seu desenvolvimento econômico e social.
E a mais recente novidade nessa história foi o alcance do Queijo Canastra como iguaria aprovada pelo mundo todo. Foi a partir do reconhecimento do Queijo Canastra como queijo artesanal que ele passou de produto clandestino a produto de alta qualidade, consumido e premiado em diversos países. Muitas fazendas da região passaram a investir na qualidade do produto, em marketing com embalagens e divulgação visando um público qualificado e inauguraram um novo tipo de turismo, o de pessoas que visitam a Serra da Canastra em busca do seu mais famoso queijo e das técnicas de sua produção.
Assim, o entorno do Parque Nacional da Serra da Canastra hoje vive do Ecoturismo aliado à produção artesanal de Queijo Canastra. Uma região com alta qualidade ambiental cercada por uma estrutura de receptivo para todos os gostos e padrões com produção agropecuária sustentável, comparando-se a destinos internacionais que têm o queijo ou o vinho como produtos típicos de origem.
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